Entrevista com o Fundador de English For Brazilians
Olá pessoal do Real Life! O post de hoje será sobre uma entrevista com um grande amigo nosso, também professor de inglês, John Clites. Ele vem ensinando inglês há cinco anos no Brasil.
Olá John, é muito bom tê-lo aqui conosco hoje! Conte-nos, por favor, um pouco da sua história. Como você foi parar em Parati para ensinar inglês?
Obrigado por me receberem, Josh. E obrigado também pela oportunidade de conversar com a comunidade do Real Life English!
Bom, agora moro em Parati, uma cidade pequena na costa do estado do Rio de Janeiro, fronteira com o estado de São Paulo. Mas acabo de me mudar pra lá. Antes, morei no Rio de Janeiro –capital- por três anos. A temporada no Rio foi ótima e há muito o que fazer, mas eu gosto de cidades pequenas pela calma e tranquilidade que elas transmitem. Parati é uma cidade colonial muito bonita, com ruas calçadas de pedra e cavalos andando pelas ruas junto aos carros.
Eu me mudei para o Brasil em 2008, mas minha história com o país data de muitos anos atrás. Primeiro, vim a passeio, em 1993. Tinha alguns amigos nos Estados Unidos que eram de Vitória, no Espírito Santo. Eles estavam morando nos Estados Unidos e sempre me falavam do Brasil. Assim que voltaram para Vitória me convidaram para uma visita e eu amei a cidade. Percebi, durante aquela visita, que algum dia iria me mudar para o Brasil. Levou alguns anos, mas cá estou!
Os brasileiros me perguntam com frequência o porquê de eu ter me mudado dos Estados Unidos para cá. Foi uma grande decisão deixar meu próprio país, mas eu sou encantado com a beleza do Brasil e as pessoas daqui são geralmente muito acolhedoras e amigáveis. Acho também que o futuro do Brasil será bastante estimulante, com muitas oportunidades. É a vez do Brasil bilhar!
O que você mais gosta no Brasil?
Como falei anteriormente, gosto muito da beleza natural e das pessoas daqui. O país é enorme e muito diversificado. Os estrangeiros geralmente pensam só nas praias. Elas são, de fato, muito bonitas, mas além delas o Brasil tem cachoeiras, dunas de areia e florestas – um pouco de tudo, na verdade. Sou fotógrafo amador e, para mim, o Brasil é um lugar excelente para morar.
Ainda, há o fato dos brasileiros serem muito acolhedores, sempre me fazendo sentir em casa. No geral, diria que os brasileiros são as pessoas mais legais. Eles podem não concordar com as políticas externas estadunidenses, mas a maioria deles consegue discernir que política governamental em nada tem a ver com o que cada pessoa acredita ou concorda.
Ah, e eu amo mamão. Mamão é um ótimo café da manhã!
Quais são os três principais erros que os brasileiros cometem?
Os três maiores problemas? Vejamos… provavelmente a pronúncia do som do “th” é um deles. É um problema muito comum e, por isso, é a primeira lição do meu programa EnglishforBrazilians. Em geral, os brasileiros pronunciam o “th” em palavras como “these” e “that” com o som de “d”, ficando “dese” e “dat”. Quando o “th” vem no final da palavra, brasileiros normalmente o pronunciam com som de “f”. Por exemplo, eles dizem “baff” ao invés de “bath”. Geralmente as escolas de inglês daqui não dão a devida atenção à pronúncia.
Outro problema comum é o “present perfect”. Muitos brasileiros me dizem não entender o “presente perfect” pelo fato dele não existir em português. Mas o português possui sim a ideia deste tempo verbal. Quando um brasileiro liga para um amigo e diz, por exemplo, “Acabei de chegar ao aeroporto.”, ele está dizendo o mesmo que “I have just arrived at the airport.”. Sim, a construção é diferente, mas a ideia é a mesma.
Qual seria o terceiro problema comum? Provavelmente, eu diria que é outro erro de pronúncia: a distinção entre o que chamamos de “I” encurtado e “E ” prolongado. Um brasileiro pode dizer “bitch” – que possui vários significados e as vezes é utilizado como palavrão. Um dos significados é “mulher chata”- ao invés de “beach” –praia-, ou “shit” – merda- ao invés de “sheet” – lençol-. Vejam como isso pode ser constrangedor! Imagine que você está em visita a Miami e diz “I like the bitches here.” ao invés de “I like the beaches here”! São significados completamente diferentes! Analisando esses erros, decidi que esta seria a primeira lição do meu programa. Coloquei as aulas de pronúncia no início para que os alunos possam, desde o começo, me escutarem e aperfeiçoarem sua pronúncia.
Por que você criou o English for Brazilians?
Essa é uma história interessante. Estava conversando com um cara dos Estados Unidos em uma tarde em Santa Teresa, no Rio. Estávamos tomando uma cerveja e falando sobre ideias para sites de internet. Ele me perguntou o que eu sabia fazer e disse a ele que sabia ensinar inglês. Então, de repente, ali estava a ideia: eu poderia desenvolver um programa de lições de inglês especialmente para brasileiros, para suas questões específicas com relação ao idioma, com traduções quando necessário.
Foi então que passei aquela noite criando um rascunho de currículo. Mostrei a vários dos meus estudantes e todos gostaram muito da ideia, até porque ainda não havia nenhum programa como esse. É feito somente para brasileiros, focado em seus problemas com a língua inglesa.
Acho que há uma necessidade significante de um programa como esse. Os programas tradicionais demoram muito para serem finalizados; o English for Brazilians só leva seis meses. Ainda, os tradicionais geralmente exigem que você compre os livros. Existem muitos professores bons de inglês no Brasil, mas a maioria não é muito eficiente. Também há muitos tópicos que não são discutidos, ou não discutidos o suficiente, ou simplesmente não são específicos para as necessidades dos brasileiros. Por isso eu criei meu programa: para que os brasileiros possam “preencher as lacunas” que outros programas não são capazes.
A quem seu programa é direcionado?
Fico contente com a sua pergunta, Josh. Gostaria de dizer que meu programa não é para todos. Não é feito para iniciantes e sim para aqueles com um nível, no mínimo, intermediário. Para aqueles que podem ler em inglês sem problemas e que conseguem entender quase tudo o que digo. Eu forneço muitas traduções, é verdade, mas, mesmo assim, o programa não é para iniciantes. A dica que dou aos iniciantes é que continuem estudando e testem meu programa quando já possuírem o nível adequado ao mesmo.
Nesse sentido, àqueles estudantes de nível intermediário e avançado, meu programa pode ser bastante útil. Até mesmo estudantes de nível avançado aprenderiam coisas. Se, por exemplo, você sempre traduz “até” por “until”, você está cometendo alguns erros. Uma vez, enquanto ensinava a uma estudante como pronunciar verbos que terminam em “–ed”, ela bateu as mãos na mesa e disse: “Não acredito que, em oito anos aprendendo inglês, ninguém tinha me ensinado isso antes!”. Fiquei surpreso, mas no bom sentido. Ensinei a ela algo novo – e ela fala inglês muito bem.
Até mesmo professores de inglês podem se beneficiar com o curso. Eles podem aprender algumas coisas, ou descobrir novas maneiras de ensinar a seus estudantes. Muitos deles me disseram que usam a “pirâmide invertida” que eu uso para explicar quando utilizar “in”, “on” e “at”.
Qual conselho você daria para brasileiros que estão aprendendo inglês?
Primeiramente, que continuem aprendendo. Quando estudamos outra língua, não significa que a cada dia será mais fácil, que saberemos mais. Alguns dias são mais difíceis, às vezes atingimos “patamares” e sentimos que não estamos progredindo. Quando isso acontecer, sugiro que a pessoa tente uma abordagem diferente. Tente ler em inglês, se você ainda não faz isso. Faça parte de um grupo como o Real Life English, em que você pode falar com uma variedade enorme de gente. Ah, e não se preocupe demais em cometer erros. Muitos brasileiros ficam tímidos ao falar inglês. É claro que não querermos cometer erros e parecermos ridículos, mas se você não conversar, não vai aprimorar a língua, correto? Faz todo sentido. Eventos como os do Real Life English proporcionam uma atmosfera encorajadora e muito interessante para praticar sem stress.
Tente assistir televisão em inglês. Primeiro com legendas em inglês e depois sem.
Muito importante também é lembrar o porquê que você está estudando inglês. Escreva seus motivos para aprender a língua. Se você quer um emprego melhor e sabe que o inglês vai te ajudar a chegar lá, pense no que este emprego melhor traria para você e sua família. Se quer viajar, pense na viagem. Mantenha-se focado no seu motivo.
E não simplesmente estude inglês, a saber, não deixe que seu estudo se torne algo tedioso. Não se trata de aprender gramática somente. Assista TV e filmes. Use a língua. Aproveite todas as oportunidades para falar com estrangeiros, participe de chats, tente encontrar maneiras diferentes de aprimorar a língua.
Obrigado por responder às questões, John. Esperamos que você volte em breve para outro evento do Real Life English!